segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dor no Tornozelo: Causas e Tratamentos

Introdução

Você já teve dor no tornozelo? Se sim sabe como é limitante e como é difícil levar uma vida normal com isso, já que o tornozelo é a articulação que recebe todo o peso e também se adapta a cada passo que damos. Se não, ótimo continue assim e siga o artigo para entender como preservar essa articulação tão importante.

Conhecendo o Tornozelo

A articulação do tornozelo está localizado na extremidade inferior dos membros inferiores, logo acima dos pés. Ele é delimitado pelo osso Tálus do pé e pela pinça maleolar, extremidades inferiores dos ossos, Tíbia e Fíbula (antigo perôneo), que atuam, como foi dito, como uma espécie de pinça, delimitando as laterais dessa articulação e “segurando” o Tálus limitando o movimento no sentido latero lateral.

Por ser uma articulação de grande estresse mecânico o tornozelo tem em sua formação uma forte rede de ligamentos e músculos que atuam na sua estabilidade, pois como dissemos, os ossos da pinça maleolar atuam apenas na limitação de movimentos latero laterais, sendo os movimentos em outros sentidos sendo limitados por músculos, tendões e ligamentos.

Sendo assim, essa articulação tem por função a adaptação e direcionamento de toda a força descendente, que seria a força do peso de todo o corpo, com a força ascendente, que seria a força oriunda do peso sobre o chão, que gera justamente a pressão sobre a articulação, que por muitas vezes não tem uma linha de força retilínea, por conta do piso e do calçado a ser usado.

Portanto, o tornozelo é uma articulação extremamente adaptável as condições do terreno, e para tanto ele possui uma rica inervação, responsável pela propriocepção corporal, sensação de posicionamento e correções de padrões potencialmente lesivos.

Quais são as principais causas de dor do tornozelo?

Problemas de pisada

De modo geral a pisada tem 3 posições clássicas de posicionamento, sendo elas:

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Normal ou Neutra: Nessa pisada a parte posterior do pé (retropé), a parte do meio (mediopé) e a parte anterior do pé tem uma atuação equilibrada, sendo o retropé responsável pela recepção do pé ao chão, isto é, pelo peso do corpo tocando o solo. O mediopé tem a função de distribuir a força gerada pela recepção do pé através dos ossos do tarso, e o antepé tem a função de impulsionamento, gerado pela ação dos músculos posteriores da perna, como o gastrocnêmio, sóleo e flexores do tornozelo e dedos dos pés.

Supinado: Nesse caso o pé tem a característica de deslocar o centro de gravidade mais para a parte lateral do pé, sendo assim o médiopé quase não toca o solo, cabendo assim ao antepé e ao retropé fazer toda a função da marcha. Nesse caso a pessoa tende a ter o arco longitudinal do pé retraído pela ação dos músculos e acomodação das fáscias plantares, assim como o encurtamento do musculo tibial posterior, erguendo e sustentando o arco plantar mantendo a pisada supinada. Nesse caso o tratamento seria justamente nesses músculos que fixam essa característica.

Pronado: Na pisada pronada ocorre o desabamento do arco longitudinal, ou seja, do mediopé. Sendo assim, a pisada vai ter um deslocamento de força voltado para a parte medial do pé, fazendo com que essa região sofra mais com o peso excessivo aplicado sobre ele. Os músculos plantares e os músculos tibiais posterior que no caso do pé supinado estavam encurtados, nesse caso estarão fracos, sendo assim o tratamento será em atuar no fortalecimento e consequentemente aumento do tônus desses músculos.

Tanto na pisada supinada quanto na pisada pronada há uma adaptação fisiológica do tornozelo, acompanhando esse padrão e gerando aumento de pressão, ou seja, aumento do estresse mecânico em partes específicas do tornozelo, onde haverá maior probabilidade de gerar dores. Sendo assim:

Pisada Supinada: A pressão no tornozelo acaba por incidir mais na parte medial do tornozelo, podendo gerar dores ou desgaste precoce dessa região em comparação a marte lateral. Por consequência o joelho tenderá a ir para uma posição de Varo, onde também há maior desgaste da face articular mais medial dessa articulação.

Pisada Pronada: A pressão no tornozelo se dará na parte mais lateral, aumentando a incidência de dores ou também o possível desgaste precoce dessa região. Assim como a tendência do joelho a ir para uma posição de Valgo, em que a pressão também incide sobre a face mais lateral dessa articulação, podendo das dores ou mesmo os desgastes precoces da região.

Entorses

Casos de entorses são os mais comuns a atingir a articulação do tornozelo, justamente pelo que foi explicado acima, como a adaptação da articulação do tornozelo aos diferentes terrenos e sua alta carga de trabalho gerado pelo peso do corpo, esse tipo de problema acaba por ter uma alta taxa de recidiva, ou seja, de repetição da lesão. Uma vez que os ligamentos que se lesionam uma vez não voltam a ter seu tamanho original, ficando como uma gola de camiseta esgarçada, o que permite que o movimento lesivo ocorra com enorme facilidade. Sendo comum haver relatos da pessoa após um entorse forte ter outros mesmo que estejam parados sem qualquer tipo de esforço sobre.

Dependendo da pisada como visto acima, a tendência de um entorse se intensifica. Seguindo o mesmo raciocínio desenhado acima a pessoa que possui uma pisada supinada terá uma facilidade maior a ter um entorse em inversão, em que o pé gira levando o dorso do pé para a parte lateral e a sola para a parte.

Leia também : FASCITE PLANTAR, O QUE É E COMO IDENTIFICAR?

Os entorses são classificados de acordo com seu grau de comprometimento dos ligamentos que sustentam a articulação, sendo:

Entorse de Grau 1: Ocorre micro lesões nos tecidos ligamentares gerando, portanto inflamação porem sem prejudicar a capacidade estabilizadora da articulação.

Entorse de Grau 2: acontece a ruptura parcial do ligamento. Nesse caso além do processo inflamatório ocorre prejuízo a estabilidade do tornozelo, que como visto acima, quando lesionado perde de forma definitiva sua capacidade estabilizadora, dependendo agora da musculatura adjacente cumprir essa função.

Entorse Grau 3: no grau 3 ocorre a ruptura total dos ligamentos, sendo na maioria dos casos indicados procedimentos cirúrgicos. Porem em alguns casos não havendo essa possibilidade faz-se o procedimento citado no (entorse) de grau 2, que é a reabilitação da estabilidade da articulação através da ativação muscular adjacente.

Problemas e Inflamações

Algumas condições podem afetar a articulação do tornozelo, sendo mais comuns nos casos descritos acima como pisadas supinadas e pronadas, porem essas patologias podem aparecer por diversos fatores como condições metabólicas (dietas e hábitos de vida), estresses mecânicos ou movimentos repetitivos, síndromes reumatológicas, que consiste em patologias desencadeadas pelo mau funcionamento do sistema imunológico do corpo, o sistema de defesa.

Entre as condições mais comuns estão:

Tendinopatias: A tendinite é a patologia que afeta os tendões, gerando as características de dor, calor, rubor e tumor (edema). A tendinite pode afetar qualquer tendão porem por questão de uso acomete mais os tendões calcâneos, tibial anterior e posterior e os fibulares longos. A evolução da tendinite mal cuidada ou a repetição constante dessa inflamação pode gerar uma condição chamada tendinose, onde o tendão perde sua capacidade estrutural ficando frágil e susceptível a rompimentos.

Gota: Condição gerada pelo aumento do acido úrico no sangue, causado principalmente pela dieta rica em ácidos graxos (gordura), assim como o uso excessivo de álcool e outros componentes metabólicos. A gota gera além da inflamação uma descamação da pele no local afetado.

Artrite: Comumente falando a artrite é a nomenclatura usada para designar qualquer tipo de inflamação articular, porém na prática clinica associa-se a artrite a uma condição reumática, isto é, um defeito do sistema imunológico onde o corpo ataca tecidos sadios das articulações provocando dores e inflamação. Essa condição pode pré dispor um desgaste precoce da articulação do tornozelo, devido à mudança gerada pela inflamação no Ph do líquido sinovial. Esse desgaste se acentua ainda mais por se tratar de uma articulação com alto grau de suporte de peso.

Artrose: A artrose é o nome dado ao processo degenerativo da articulação, mais comumente chamado de desgaste. Esse processo pode ocorrer por diversos motivos, sendo os principais o mau alinhamento articular, causado, por exemplo pelas pisadas em que o peso se dá de forma assimétrica na face articular. Pode também como dito no item, artrite, ser causada pela mudança do Ph do líquido sinovial fazendo com que este perca sua capacidade de lubrificação forçando a articulação a friccionar de forma mais áspera e agressiva chegando a perder a cartilagem e passando a articular osso com osso.

Bursite: A inflamação de um ou ambas bursas pode causar dor nas regiões do calcanhar e do tornozelo posterior principalmente próximo ao maléolo medial. A síndrome de Haglund é uma condição intimamente associada a bursite do tendão calcâneo e é geralmente associada com uma deformidade óssea.

Como aliviar a sensação dolorosa?

Quando a inflamação está em sua fase mais aguda, isto é, em sua fase mais recente, cerca de até 10 dias do início dos sintomas ainda se faz o uso isolado da compressa de gelo no local. O gelo é um poderoso anti-inflamatório e ajuda a eliminar o edema acelerando o processo de cicatrização dos tecidos. É importante lembrar porem que a fase aguda pode vir numa condição chamada de subaguda, que é o retorno de um quadro agudo sobrepondo uma lesão cronificada. O quadro agudo se caracteriza pela inflamação clássica já descrita acima.

Quando a lesão está em sua fase crônica, sendo assim sem as características inflamatórias agudas, ela apresenta um aspecto mais enrijecido e com o edema na sua forma gelatinosa, fazendo o clássico sinal de cacifo. Nesse caso o ideal é fazer o choque térmico na articulação, revezando de forma sistemática, por no mínimo 3 vezes de 5 a 10 minutos a compressa de gelo e a de calor, fazendo assim uma verdadeira bomba de vasodilatação e vasoconstrição, aumentando a vascularização local com o calor e em seguida drenando o resíduo inflamatório durante a fase gelada.

Sempre que se usa gelo ou calor é preciso ter em mente que o gelo é muito dolorido, aumentando a sensação de dor já presente, porem deve ser mantido e feito com um pano que protege a pele contra danos. A fase do gelo deve ser feita com gelo real e não compressas prontas, pelo fato dê o gelo real colocado em um pano permite que o quebremos e assim ele aumenta a superfície de contato com a pele, ocupando cada espaço entre os acidentes anatômicos do local, coisa que seria impossível com a placa de gel regida. A fase de calor é importante ter cuidado para não colocar muito quente na pele já que com a fase fria ocorre a desensibilização local e muitas vezes perde-se a referência de quente. Ambas as compressas devem ser amarradas à articulação para que o efeito seja potencializado.

Qual o tratamento para problemas no tornozelo?

Homem com tornozelo torcido

Primeiramente é preciso fazer o controle da inflamação, atuando com medicamentos, fisioterapias e as já citadas compressas. Após essa etapa deve-se analisar qual a patologia que está presente e atuar especificamente para cada uma delas.

Por exemplo, se for ago metabólico como a gota ou imunológico como a artrite a dieta e os hábitos de vida estão diretamente ligadas, sendo assim o uso de medicamentos pode ser um grande aliado.

Nos casos de artrose existem condroprotetores que diminuem a perda de cartilagem prolongando a integridade da superfície articular. Em casos como traumas o uso de medicamentos para controle da dor pode ser usado.

Porem em nenhum desses casos a medicação deve ser a única saída, porque o remédio tratará apenas os sintomas e não a causa dessas condições.

No caso de pisadas irregulares é importante o fortalecimento ou o alongamento de músculos específicos, como descrito acima, corrigindo, as vezes com o auxílio de palmilhas corretivas proprioceptivas, o apoio do pé no chão.

Bandagens funcionais, tapings e tornozeleiras são ferramentas de uso temporário, sendo importantes em algumas etapas, mas devem ser sempre orientadas por um fisioterapeuta habilitado, pois seu uso indiscriminado ou continuado sem necessidade promove mais malefícios que benefícios.

Cirurgias podem ser uma opção em alguns casos, porém são minoria e com um bom tratamento convencional se limita a casos extremamente graves.

O que ajuda a prevenir problemas no tornozelo?

Exercícios físicos de fortalecimento associados a treinos proprioceptivos são a chave para que o tornozelo esteja preparado para os diversos desafios apresentados pelo dia a dia. Não confundir corrida, bicicleta, futebol e tênis com exercícios de fortalecimento, pois nos casos de praticantes de esportes o treino ativo de força se torna ainda mais indicado já que o esforço envolvido e os riscos de lesão se elevam consideravelmente nesses casos.

Em caso de dúvidas entre em contato conosco que teremos prazer em ajudá-lo.

 

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